Estou sentado sobre Lisboa
E vejo a vida passar
Estou sentado sobre Lisboa
Não sei onde as ruas vão dar
Sei apenas do Tejo calmo
De tantos barcos que perdi
Do canto mais triste da noite
De um fado antigo que escolhi
Correm nas águas deste rio
Tantos pregões abandonados
De vozes bailando no cais
De versos e tempos passados
Estou sentado sobre Lisboa
Sou a memória do vento
Levando o tempo nas estrelas
Na solidão do pensamento
Aquelas memórias primeiras
De uma cidade a vaguear
Como as calçadas prisioneiras
De quem passa sem as olhar
Vielas que lembram poetas
Amantes de ruas perdidas
Em busca da sorte adiada
Por entre a luz das avenidas
Estou sentado sobre Lisboa
Não sei onde as ruas vão dar
Estou sentado sobre Lisboa
E vejo a vida passar