Folhagem nascida das cinzas
Na promessa de uma vida
Somos todos mareantes
Nascidos da ramagem marinha
Tecidos de horizontes
Por marés desconhecidas
Corpos que buscam amor
No entendimento de cada ser
Unidade de almas diversas
Algas entrelaçadas de desejo
Corais vivos e frágeis
Num oceano de compaixão
Bússolas de contentamento
Sem tormento, nem remorso
Nem lágrima, nem miséria
Um espelho do mundo interior
Do espírito sagrado
Da ternura do que se não vê
Do além-mar, do além-ser
Do sopro divino do céu
Da eterna luz dos olhos
De quem chora ao nascer
E sorri antes da morte
Poeira solta no universo
Tudo o que principia, principia
Tudo o que finda, finda
E somos a equação do meio
Sem cálculo, nem subtracção
Mas vivida em cada instante
Somar árvores com peixes
Laranjeiras com acácias
Sementes com folhas secas
E ser uma só a natureza
Um só em cada ser