Olhas o fim da rua
Não sabes bem em que casa nasceste:
Perguntas de onde vens
Perguntas para onde vais
Se acaso um outro sonho
Por dentro da tua casa nascerá
Percorres outro dia
Inventas uma nova morada
Mas estranhas o teu nome
Quem foi que te perdeu?
Quem foi que tu perdeste
No meio dos jardins imaculados?
Agosto chega, enfim
E longe da cidade
Alguém vai refazer o seu começo:
Não te esqueças de ti
Nunca te esqueças de ti
Por mais terras e horas que relembres
Desfazes o retrato
Guardado na carteira por tantos anos.
Pensas ainda no que foste
Dentro daquilo que já não és.
Acreditas na imprevisibilidade
Pertences ao vento, ao embalo das marés
Voltas a olhar a estrada
E as luzes desenhadas no asfalto
À espera de partir ainda esta noite.
Talvez respondas amanhã
Porque há-de ser amanhã
E voltas a olhar o fim da rua