O tempo passa e as ruas permanecem.
Guardamos nelas pedaços da nossa existência
Como se ainda existisse o vento da infância.
Nostálgica avenida repleta de luz
Repleta de sonho.
Procuramos por nós dentro da alma destas ruas.
Continuamente buscamos o espírito de outra época
E bebemos o seu esplendor
Enquanto os homens passam nas horas
Sonhos e ambições vão ficando pelo caminho
Mesmo que se oiçam horas correndo lentas
Algo inteiramente nosso acontece
E deixa-se acontecer nesse existir
O tempo passa e as ruas permanecem.
Guardamos nelas pedaços da nossa existência
Como se ainda houvesse o vento da infância.
Preciso é abrir os becos e todas as portas
Todas as rugas, todas as janelas
Libertar gaivotas voando do olhar de quem se demora.
Porque se demoram os construtores do ócio?
Não existe outro respirar a não ser o sopro do ócio.
O que procuramos nós na noite
Que o dia não nos tenha dado já?
Além da fumaça, além da bebida, além da derrota,
Em quantas ruas se desdobra a noite?
Em quantos sonhos nos perdemos nós?
O tempo passa e as ruas permanecem.
Guardamos nelas pedaços da nossa existência
Como se ainda houvesse o vento da infância.