Além da noite (II)
by on Outubro 8, 2017 in De rua em rua

Porque ficámos parados a contemplar-nos em milésimos de nada?
Sentiste o mesmo que eu senti.
Mas como poderei saber se sentes o sentir?
Como poderei saber quem amo ou a quem dedicar uma vida inteira?

Serão as ruas (como as rugas) todas iguais?
Porque pretendemos imortalizar-nos dentro da solidão?
Desço novamente a rua. E ao voltar a subi-la, já não será a mesma
E sei que tu e eu não seremos os mesmos.

Porque tudo muda em menos de nada?
Nem nos damos conta que apenas contamos com a nossa pele
e com o passar inusitado do nosso corpo.
Como poderia não ser assim?

De que adianta procurar outra morada
Se habitamos cada noite perdida?
O que procuramos nós verdadeiramente?
O que procuramos na noite que o dia não nos tenha dado já?

Em quantas ruas se desdobra a madrugada?
Em quantos sonhos nos perdemos nós?
Aceitamos o dia que vier
E tornamos a desistir até surgir outra noite.

Não há nada para desistir ou sonhar em desistir
Não há nada para procurar na languidez destas horas.
O que procuramos nós verdadeiramente?
O que procuramos na noite que o dia não nos tenha dado já?

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